Depois da transmissão em Maio de 2009 do décimo FITAS, edição comemorativa do mais conhecido festival de tunas de Castelo Branco, a Beira TV apostou em força no Olimpo 2010 (ver promo e compacto).Desta feita, tunos e tunossauros cederam o palco do Cine-Teatro Avenida às meninas, moças, aias e senhoras que a 26 de Março animaram cerca de 250 pessoas com as suas vozes, coreografias e instrumentos musicais.
Organizado há três anos pela Tuna Académica Feminina do Instituto Politécnico de Castelo Branco (TAFIPCB), o quinto Festival de Tunas Femininas da cidade contou com quatro formações na disputa dos nove prémios da competição, a que se juntaram, extra-concurso, as duas maiores tunas do politécnico: a TAFIPCB e a Castraleuca.
Durante a tarde, as tunantes reuniram-se no tradicional passa calles (ver vídeo), desfilar de capas e boa disposição que se concentrou nas ‘docas secas’, em plena Devesa. Já no cine-teatro, seguiu-se o ensaio geral (ver vídeo) com o derradeiro afinar de bandolins, cavaquinhos, violas, guitarras, violinos, bombos ou pandeiretas.
À noite, o festival arrancou com os cerca de 25 elementos da tuna anfitriã, formada em 2007, a interpretarem "Criatura da Noite" (ver vídeo), dos Entre Aspas. Feitas as apresentações, a tuna feminina do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) prosseguiu com um medley de três temas de Carlos Paião: “Pó de Arroz”, “Cinderela” e “Playback”.
O palco foi então cedido à primeira formação convidada. Inicialmente constituída por meia dúzia de elementos, em que apenas quatro sabiam tocar instrumentos, a Tuna Feminina do Instituto Politécnico do Cavado e do Ave (TFIPCA) abriu com "Senhora do Almortão", o popular tema raiano, e “As Sete Mulheres do Minho”, de Zeca Afonso. Um medley com sabor a Beira Baixa para conquistar o público albicastrense.Foi precisamente em Idanha-a-Nova, no terceiro FesTAFIN, que o grupo, criado em 2006, arrecadou o prémio de Tuna Mais Tuna. Feitas as devidas dedicatórias, seguiram-se uma adaptação do “Fado de Estudante”, "Todas as Ruas do Amor", canção que Portugal levou à Eurovisão em 2009, e, depois de um momento de graça da porta-voz da tuna de Barcelos, o seu hino "Terra da Lenda" (ver vídeo) e a “Desfolhada” celebrizada por Simone de Oliveira.
A Tuna Feminina da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão do Instituto Politécnico do Porto foi a segunda a tentar mostrar o que vale aos cinco elementos do júri. Formada por um grupo de raparigas interessadas em darem música à vida académica, a Afrodituna pediu emprestado o nome à deusa grega do Amor e da Beleza. Desde 1996 que as três dezenas de afrodites já percorreram quase todo o país com um repertório constituído sobretudo por composições próprias e temas tradicionais portugueses.Depois de um instrumental “Ao Ritmo das Ondas” e de desvendada a "Vida de Estudante", o grupo da Póvoa do Varzim apresentou a sua versão do "Barco Negro" de Amália Rodrigues. Com a sala mais composta, a divertida e sorridente tuna fechou a actuação com "Brilho Dental" (ver vídeo), de Rui Veloso, e com o original “Capas Negras”.
“Não estávamos à espera que enchesse tanto porque no ano passado tivemos pouco público”, confessava Ana Alves, presidente da TAFIPCB, em entrevista durante o intervalo (ver vídeo). “Este festival é mais dirigido a pessoas de meia idade. Os estudantes não costumam vir, e como começaram as férias muitos foram para casa”, acrescenta a jovem, lembrando que, para além de dar a conhecer a própria tuna, um dos propósitos do festival é o de “mostrar às pessoas que conseguimos organizar eventos como este”.Mesmo com o Olimpo ainda a decorrer, era já possível lançar algumas pistas sobre a próxima edição. “É difícil para as tunas virem à sexta-feira, pois muitas trabalham e têm aulas. Para o ano vamos tentar organizar o festival num sábado e, quiçá, chamar tunas do estrangeiro”, avança a tunante, destacando as atribulações e devaneios da vida de estudante que depois são recordados com nostalgia neste e noutros eventos do género onde o espírito académico, feito de um gosto comum pela música e pelo convívio, vêm sempre ao de cima. “Temos pessoas que já acabaram o curso e que estão a trabalhar. Agora vieram ver o nosso festival e querem ir para o palco cantar com a gente”, conta Ana Alves. “Elas têm imensas saudades disto, e o reencontro é sempre bom”.
E foi isso mesmo que aconteceu, com a própria TAFIPCB a inaugurar a segunda parte do Olimpo ao ritmo do "Trocadilho" (ver vídeo), mistura detrava-línguas com a melódica “Canção do Berço” e com a tradicional “Erva Cidreira”.Logo a seguir vieram "Irás Recordar-me", balada nostálgica sobre a vida académica, "Ò Ferreiro Guarda a Filha", tema transmontano e um dos mais conhecidos da tuna do politécnico de Castelo Branco, bem como nova desfolhada, agora nas vozes desta formação cuja passagem pela Madeira, Porto, Évora, Bragança, Viseu, Idanha-a-Nova ou Algarve lhe rendeu os prémios de Melhor Pandeireta, Melhor Porta-Estandarte, Melhor Solista, Tuna Mais Tuna, Melhor Instrumental e Melhor Tuna da Noite.
Criada em 1992 por um grupo de amigas entusiasmadas com as aulas de canto coral, a Tuna Feminina da Faculdade de Economia do Porto inaugurou a sua performance com um instrumental onde os sons brasileiros se cruzam com o ambiente melancólico de Yann Tiersen. Ao ritmo caliente da rumba, a TFEP rumou depois até à América do Sul, encontrando-se pelo caminho com o “Fuego Lento” de Rossana.De regresso a Portugal, a tuna responsável pelo festival “Trinados” e que soma actuações em Espanha, França, Suíça, Luxemburgo, Bélgica e Itália, dedicou à cidade anfitriã o seu “Falésia” (ver vídeo). Precisamente um dos temas registados em 1999 no álbum “Tantas Histórias” e, quatro anos depois, no disco “Memorias”. O grupo da invita encerrou a actuação em Castelo Branco com o original “Capas Negras”, bem regado com o "Vinho do Porto" de Carlos Paião.
Na mesma linha, a In'spiritus Tuna arrancou com uma homenagem ao "Senhor Vinho", néctar que não poderia deixar de estar presente num festival académico. Depois de mais um tema introduzido ao ritmo do verso, a Tuna Feminina da Cooperativa Egas Moniz, no Monte de Caparica, prosseguiu com "Os Anos da Faculdade" (ver vídeo) e a versão instrumental da “Queda do Império” de Vitorino.Depois da estreia em palco da balada “Eu Sei”, a tuna criada em 1995 apresentou à plateia outro original “Capas Negras” e o hino oficial desta formação de duas dezenas de elementos que tem percorrido o país de norte a sul, e há cinco anos responsável pelo festival “Capas Ricas”.
Perto do final, a Castraleuca, constituída em 2007 e único grupo de calças da noite, surgiu acompanhada pela TAFIPCB e pelo seu novo porta-estandarte, o João, que apesar de só ter três anos foi capaz de levar o público ao êxtase. Juntos, os tunantes do politécnico interpretaram o tema “Academia Albicastrense” (ver vídeo).Já sozinhos em palco e ao ritmo do contrabaixo e de outros instrumentos de percussão, os quarenta ‘castraleucos’ apresentaram o medley albicastrense, composto pela tríade "Senhora do Almortão", "Saudades da Beira" e "Maria Faia".
A tuna organizadora do FITAS, que combina o repertório das antigas formações masculinas do IPCB com novas composições, temas tradicionais ou tangos, encerrou a aparição com o “Hino Castraleuca” (ver vídeo), e o típico grito identificativo. Não sem antes desenrolar mais uma "Rapsódia" e um novo compacto de temas populares (“Eu Vou a Miranda”, “Laurindinha”, “Eu Ouvi o Passarinho”, “Bailinho da Madeira”, Cheira Bem, Cheira a Lisboa”, “Amanhã de Manhã” e “Bamos Lá Cambada”). A TFEP foi a grande vencedora da noite, arrecadando os prémios de melhor tuna, melhor instrumental e melhor pandeireta. Já as distinções de segunda melhor tuna, tuna mais tuna, melhor porta-estandarte e melhor passa calles foram para a Afrodituna. A TFIPCA destacou-se como melhor solista, enquanto que a In’Spiritus Tuna arrebatou o galardão de melhor original
No seu sexto directo (o primeiro realizou-se em Outubro de 2008), a Beira TV voltou a mobilizar grande parte dos meios audiovisuais da Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART), contando com o apoio de quatro câmaras (três no auditório e uma nos bastidores) e de uma equipa de sete alunos da própria ESART.
A acompanhar as quatro horas e meia de emissão estiveram quatro dezenas de internautas, três dezenas deles em simultâneo. A maioria fê-lo a partir do Porto, Castelo Branco, Lisboa e Viseu, mas também no Fundão, Aveiro, Vila Real, Ponta Delgada, Alcobaça e Braga. No estrangeiro, estes acederam desde Espanha, França, Itália e Suiça. O número de ligações ao streaming de áudio e vídeo ficou ligeiramente abaixo do registado no FITAS, mas deverá ser maior na edição deste ano, a transmitir a 1 de Maio de novo desde o Avenida.
Para além dos comentários e das intervenções em directo, a emissão do segundo festival de tunas académicas mais conhecido da cidade teve presença diferenciada nas redes sociais, reforçando-se assim a interacção com os espectadores da Beira TV. A cobertura ficou completa com os vídeos dos bastidores disponibilizados no YouTube (os doze acumulavam 2500 visualizações ao final de três dias), o acompanhamento em tempo real noTwitter, e um álbum no Facebook com meia centena de fotos dos momentos altos do evento.
Jorge Costa
Prémios Olimpo 2010:
-TFEP (Melhor Tuna, Melhor Instrumental e Melhor Pandeireta)
-Afrodituna (Segunda Melhor Tuna, Tuna Mais Tuna, Melhor Porta-Estandarte e Melhor Passa Calles)
-TFIPCA (Melhor Solista)
-In'Spiritus Tuna (Melhor Original)
Compacto: Jorge Costa (genérico, grafismo e edição)
Transmissão em directo: Jorge Costa (locução e mistura de áudio); Carlos Nascimento, João Pires e Marco Oliveira (imagem); Vânia Fonseca (mistura de vídeo); Márcio Martins (assistência à realização); Ana Margarida e Vanessa Carvalho (equipa móvel)

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